"Além da lei da rolha há uma espiral de medo. O interno tem medo do especialista, o especialista tem medo do diretor de serviço e o diretor de serviço tem medo do conselho de administração. É uma espiral de medo que vamos tentar combater", afirmou hoje numa conferência de imprensa em Lisboa o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos.
Para Jorge Teixeira Mendes, há casos que demonstram que "há perseguições políticas" no Serviço Nacional de Saúde, que a Ordem dos Médicos quer tentar combater, tornando-se o veículo da divulgação das denúncias e queixas dos profissionais de saúde.
Para isso, a Ordem distribuiu já aos médicos um formulário e um endereço de email para os clínicos denunciarem situações nos seus serviços "de forma mais recatada".
Jorge Teixeira Mendes critica ainda a "insensibilidade" do ministro da Saúde face a estas questões de alegada perseguição a profissionais de saúde.
A Ordem dos Médicos tem criticado o Código de Ética que o Ministério da Saúde pretende implementar, considerando que se trata de uma lei da rolha, ao referir que, "salvo quando se encontrem mandatados para o efeito, os colaboradores (...) devem abster-se de emitir declarações públicas, por sua iniciativa ou mediante solicitação de terceiros, nomeadamente quando possam pôr em causa a imagem [do serviço ou organismo], em especial fazendo uso dos meios de comunicação social".
Hoje, a Ordem denunciou algumas situações que considera serem pressões aos profissionais de saúde, nomeadamente o caso de uma médica do hospital do Barlavento Algarvio que foi submetida a um processo de averiguações por parte da administração hospitalar por ter informado um doente de que não tinha instrumentos necessários para realizar uma biópsia.
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